domingo, 24 de julho de 2011

O PODER DO TOQUE


“E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia. Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder.Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.” – Lc 8.43-48

O melhor modelo de casamento a ser seguido como exemplo, é o de Jesus com a Igreja. A Bíblia trás vários versículos mencionando o relacionamento de Jesus como o noivo e a Igreja como noiva.
Embora tenha o sentido espiritual, esse exemplo não deve ser desprezado para o relacionamento entre cônjuges.

Na passagem bíblica acima, vemos uma mulher comum – que representa a Igreja, pois Igreja significa conjunto de pessoas; tocando o Mestre – que é o amado noivo. Quando há o toque, há cura.

Com o passar do tempo, a correria e a acomodação, vão distanciando marido e mulher,  e extinguindo o toque tão precioso. Casais não se beijam mais quando se cumprimentam; andam na rua sem dar as mãos; dormem de costas e não se abraçam mais; sentam em cadeiras separadas e não mais no mesmo lado para ficarem encostados. Os filhos dormem no meio da cama separando os pais. Quando o casal anda no carro, parecem dois estranhos por que não se tocam.

Onde foi para o toque? Onde foi parar aquela necessidade de abraçar? Onde foi o carinho? Cadê aquele beijo gostoso do namoro?

A falta do toque de amor acaba com o casamento.

Um líder de nosso ministério colocou que a única diferença de dois irmãos, para um casal é o toque e o sexo.

Recebi recentemente um texto maravilhoso que mostra muito bem o poder do toque. Não sei se é uma história real, mas bem que poderia. Infelizmente também não sei quem e o autor para dar as honras. Só lamento que nessa história, a cura veio para o casamento, mas infelizmente um pouco tarde...
“Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos. De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Por quê?" Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!"
Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa. Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim.
Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente.
Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.
No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane. Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir. Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para prepara-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais. Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.
Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio",disse Jane em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.
No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado. No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim. No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.
Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias. A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de  entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Mas o seu corpo tão magro me deixou triste.
No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo". Eu não consegui dirigir para o trabalho... fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar". Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe. A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar. Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe". Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso. Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!”
Nunca deixe o casamento esfriar. Nunca deixe de abraçar, de beijar, de dormir junto. A falta do toque de amor acaba com o casamento.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amar é uma decisão!

Nada mais trágico do que um lar em ruínas! O desmoronamento de uma família traz consigo uma sensação de derrota e fragmentação da vida, sem parâmetros de comparação. É um caos!

Por que é tão difícil a vida em família? Por que razões o carinho e a paixão do namoro se transformam em frieza e agressão no casamento? Por que são tão raras as manifestações de afeto, amizade e amor entre pais e filhos? Como explicar a causa de o lar, sonho dos nossos sonhos, transformar-se em um pesadelo, em uma agonia e insatisfação?

Toda família guarda seus segredos, amarga suas dores, tenta esconder seus fracassos e procura superar as dificuldades da convivência. Esforça-se para aparentar felicidade, ainda que tocando a vida entre os escombros de sonhos frustrados. Não obstante, muitos são os lares cuja felicidade e cujo respeito estão presentes na mesa de cada dia. Apesar das diferenças entre os membros, estas famílias vivem banhadas pelas águas da alegria, e dormem tranquilas sob a brisa da paz. Qual o segredo, então?

A vida prazerosa é como um bolo caseiro. Não basta ter a receita e os ingredientes. O segredo está em saber usá-los. Se receitas bastassem, a vida seria uma grande doceria!  Bem como, se fórmulas de felicidade conjugal e familiar funcionassem, a sociedade seria como um Éden sem Serpente. No entanto, sobra veneno, e falta vida!

Então, é preciso tomar algumas decisões. A primeira delas é em relação ao amor. Amar é uma decisão. Somente isso possibilita a convivência entre pessoas diferentes, mas que tenham sonhos em comum. Eu decido amar, como também decido odiar.

Outra decisão é a de perdoar. O perdão não é uma manifestação sobrenatural que invade o coração da gente de vez em quando. É a prática de uma decisão nossa, em nome da sobrevivência, da saúde emocional e espiritual. Quem decide perdoar torna-se mais tolerante, mais sensível às diferenças, mais humano. Sou eu que decido perdoar ou que decido perpetuar a amargura e o ressentimento no coração.

Uma terceira decisão importante no contexto da família está ligada à nossa capacidade de servir, isto é, dispor a vida para o bem comum. É a disposição de ajudar o próximo, construir juntos, estimular, levantar a autoestima do outro, valorizá-lo naquilo que ele tiver de melhor. Tornar-se companheiro pleno e amigo verdadeiro é muito mais significativo do que ser apenas pai ou mãe, esposo ou esposa. Ser alguém ausente é ser destruidor de sonhos e esperanças. 

No entanto, a mais importante das decisões é aquela que resolve colocar o Senhor no epicentro da família. Criada por Deus, a família não sobrevive sem o seu Criador. A decisão de trazê-lo de volta para a vida familiar será o retorno aos melhores dias. Somente Ele inspira o amor, ensina a perdoar e capacita para o serviço solidário.

(Estevam Fernandes de Oliveira, Pastor da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, PB, conferencista internacional,  é Psicólogo, doutor em Ciências Sociais. Texto extraído do Jornal Correio da Paraíba, edição de Domingo, 29 de Maio de 2011 e divulgado entre amigos com autorização do autor).